sábado, 30 de janeiro de 2016

Viagem - Enoturismo em Santiago

 Nos primeiros dias de dezembro de 2014, tive o prazer de visitar as cidades de Mendoza e Santiago e consequentemente percorri algumas vinícolas próximas, onde vou dividir a experiência com os leitores.

  Vou separar esta postagem apenas para contar a experiência das vinícolas de Santiago, em outro post apresento a viagem de enoturismo em Mendoza.

Viagem a Santiago: 

  Em Santiago resumi minhas visitas a 3 vinícolas, todas no Vale de Casablanca.

  Localizado entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, a Oeste de Santiago, possui um clima predominantemente frio, mas com forte amplitude térmica, influenciado pelas correntes oceânicas que provocam quase todas as manhãs uma forte neblina. Sofre bastante exposição ao sol. Possui solos pobres em matéria orgânica, principalmente de argila e areia e subsolo granítico. Somando todos os fatores produz vinhos de mais acentuada acidez, frescor, baixo teor alcoólico e muito potencial aromático. 

  Por esta razão, este Vale é considerado no Chile o mais apropriado às uvas brancas, especialmente ao Sauvignon Blanc e ao Chardonay. Também têm  muito bons resultados com o pinot noir. Mais recentemente shiraz, cabernet franc e malbec também estão sendo plantadas neste local e se adaptando muito bem.

  O pioneiro foi Pablo Morandé que em 1982, iniciou o plantio de uvas "brancas", porque encontrava semelhanças com o clima californiano e fez a aposta. Em 1986 iniciou a produzir as primeiras garrafas. Depois disso vários outros foram se instalando na região, que ainda se encontra em expansão e hoje é responsável pela produção de muitos bons vinhos.

Viña Casa del Bosque

  Esta foi nossa primeira visita e logo na chegada impressiona pela beleza do local e de suas instalações.


  Iniciamos fazendo a visita à adega e aos vinhedos, todos muito bem cuidados e tivemos as explicações mais básicas desde o cultivo à produção.



   Fui já sabendo da premiação que o Casas del Bosque Shiraz Gran Reserva 2012 tinha obtido na 12º Annual Wines of Chile Awards (AWoCA),  realizada em São Paulo, como o melhor vinho da exposição, porém eles não o tinham para degustar, mas depois foi servido na refeição e agradou muito. 

Fizemos a degustação destes rótulos:



   O primeiro degustado foi o Casas del Bosque Sauvignon Blanc Reserva, 2014

   Este exemplar, que não é de seus melhores sauvignons, tem aroma muito intenso a maracujá, maçã e limão. Na boca é suave, refrescante, mas sem grande sabor. Seria um vinho 87 ou 88 pontos.

   Depois provamos o Casas del Bosque Chardonay Reserva, 2013

   Da mesma linha que o anterior, também é bastante aromático, com notas a milho, amêndoas, mineral. Na boca notas a maçã e milho, mas sem grandes surpresas. Saboroso. Um vinho para 88 pontos

   A seguir serviram o Casas del Bosque Pinot Noir Grand Reserva 2013

  O aroma não me agradou muito, um pouco terroso, sem intensidade. No paladar, notas de champignon fresco, bem amadeirado, falltou maior equilíbrio. Vinho para 87 pontos.

O Casas del Bosque Shiraz Pequeñas Produciónes, 2012 veio a seguir

   O aroma não tinha muita intensidade, mas era bem marcado a azeitonas negras. No paladar novamente a presença das azeitonas negras, frutas negras e champignon fresco, muito saboroso, intenso. Muito bom vinho. Vinho para 90 pontos

   A pedidos nos serviram ao final o Gran Bosque, Reserva Privada, 2011, um cabernet sauvignon, produzido a partir de uvas da própria vinícola no Vale do Maipo.


     Aroma floral a violetas e frutas negras. No paladar é balsâmico, presença de frutas negras, chocolate e madeira. Os taninos estão um pouco excessivos. Muito boa persistência. Vinho para 90 pontos.

  Ao final fomos ao belíssimo restaurante Tanino que fica adjunto à sala de degustação para fazer o almoço harmonizado:



  Uma pré-entrada muito saborosa com um vinagrete  e pão frito com abóbora e pimenta acompanharam o sauvignon blanc reserva 2014. Depois a entrada composta por um ceviche misto muito saboroso, embora com pouco sal e acidez. Acompanhadas de queijo brie e doce de marmelo espetaculares. Torradas. Cebolas caramelizadas fantásticas. Pistache e chips de batatas doces. Agradou muito e equilibrou perfeitamente com o vinho servido.




   Em seguida o pré-prato principal foi um nhoque com mussarela fresca, manjericão, tomate cereja e pesto. Saboroso, embora um pouco trivial. A harmonização ocorreu com o pinot noir grand reserva 2013, que na degustação já não havia agradado tanto e aqui também não foi diferente. Talvez a presença de cogumelos frescos e azeitonas negras no nhoque salvassem o vinho. Não foi ruim, mas faltou uma melhor harmonização.



   O prato principal foi um bife de filé mignon com pouco sal, pimentões e pimenta do reino. Corrigindo o sal ficou bom, mas faltou um molhinho... Também acompanhou batatas crocantes e queijo de cabra. A harmonização foi feita sim com o premiado Shiraz Grand Reserva 2012 e este  agradou em cheio, harmonizando muito bem com a carne.

   Neste eu fico devendo as fotos.

   Na sobremesa foi servido um bolo de chocolate crocante com mousse de maracujá com morangos e mirtilos. Este foi simplesmente espetacular, uma mistura de sabores e de texturas, que fez dela o melhor prato entre todos apresentados. A harmonização ficou por conta do Riesling Late Harvest, que era bom, mas não combinou perfeitamente com a sobremesa porque era excessivamente doce.



A experiência na Vinícola foi agradável e valeu muito a pena. O almoço foi agradável e os pequenos deslizes não tiraram o prazer da refeição harmonizada. O local é de se tirar o chapéu, pela beleza e o cuidado de todas as instalações.

Viña Matetic

  A próxima visita foi à Vinícola Matetic. Como eu já estava de barriga cheia e as crianças cansadas não fiz o tour pelos vinhedos mais longo e apenas conhecemos a parte de produção e guarda, além do que degustei a linha EQ de vinhos.

  A vinícola tem uma arquitetura incrível, diferente de todas que viemos a conhecer. A parte onde fazem a guarda dos barris é simplesmente fantástica com paredes de pedra para manter a temperatura e umidade controladas, iluminação especial e desenho magnífico.




     A produção segue os princípios biodinâmicos.

     O atendimento é muito bom, a pessoa que nos guiou mostrou muita paciência e boa vontade.



     A degustação foi a seguinte:


  Matetic EQ Sauvignon Blanc 2013

  Aroma sutil e sabor intenso a maracujá. Intenso, forte, picante. Um vinho para 88 ou 89 pontos

  Matetic EQ Chardonay 2011

  Aroma lácteo, querosene e maracujá. Com forte amargor, intenso, falta um maior equilíbrio para superar a nota. Para 88 pontos.

  Matetic EQ Syrah, 2011.

  Aroma balsâmico, não muito agradável. Sabor amargo, forte, intenso, selvagem. Talvez com alguns anos seja mais domado, mas não acredito muito. Vinho 87

  Matetic EQ Pinot Noir 2012

  Este sim é disparado o melhor dos quatro. Aroma a violetas, frutas negras, azeitonas negras. No paladar é intenso, apimentado, encorpado, saboroso, elegante. Facilmente chega a 92 ou 93 pontos. Grande vinho.

  A visita que realizamos foi proveitosa e interessante, muito embora os tours mais longos eu não tenha realizado, saí bastante satisfeito em conhecê-la.

Viña Emiliana

  A Emiliana é uma vinícola que vale muito conhecer. Seguidora dos princípios orgânicos e biodinâmicos é de extrema beleza e é de muito fácil acesso, ficando às margens da Rodovia que liga Santiago à Viña del Mar.

  A sede é belíssima e os parreirais parecem um jardim, onde são plantadas flores e ervas, além da presença de alguns animais, como galinhas e alpacas, tudo para seguir a filosofia adotada.





   Degustei alguns rótulos quando eles ofereceram alguns queijos e chocolates distintos para a prova:



   O primeiro vinho foi o Novas Gran Reserva Sauvignon Blanc, 2014


  Um vinho leve, suave, sem muita intensidade, mas com muito frescor. Bom para tomar em dias quentes. Descompromissado. Vinho para 87 pontos

  A seguir provamos o Adobe Reserva Chardonay, 2013


  Aroma suave e típico da cepa. Leve amargor. Bom vinho, mas o que realmente chamou a atenção foi o fantástico queijo com manjericão. Para o vinho nota 88, Para o queijo nota 95.

  O vinho provado a seguir foi o Signos de Origem, Cabernet Sauvignon, 2010, Vale do Maipo



  Aroma muito agradável a frutas negras com destaque para amoras. No paladar é frutado, tânico e forte. Agradou. Vinho de 89 ou 90 pontos

   Depois degustamos o Coyam, 2011, Vale do Colchagua


  Eu já tinha provado este vinho com a Confraria na safra 2005 e demos 94 pontos. Esta safra continua explêndida e vai evoluir mais com toda certeza. Blend com predomínio de shiraz e carmenere.

  Aroma a frutas negras destacando mirtilo e cereja. Sabor intenso e persistente, amadeirado, potente e macio. Um agrado ao paladar. Vinho 92 ou 93, mas já o elenquei como um de meus favoritos.

  Por fim e a pedidos nos foi servido o Gê, 2011, do Vale do Colchagua, o vinho mais elaborado e mais caro da vinícola.


  Vinho muito bom, frutas negras e baunilha muito intensas no nariz. No paladar forte presença dos taninos, mas bem macios, potente, notas a chocolate meio amargo. Excelente vinho para 93 pontos.

  A visita à Emiliana foi muito boa e agradável, pois além da beleza do local, nos agraciamos com muito bons vinhos.

  Esta foi a experiência no Chile e depois farei a descrição da experiência com os vinhos e as vinícolas de Mendoza.

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